A dinâmica emocional que prende

Na psicanálise, entendemos que ficar preso em um relacionamento abusivo não é sinal de fraqueza — é consequência de mecanismos psíquicos profundos, que envolvem dependência emocional, repetição inconsciente e manipulação afetiva.

O ciclo da ambivalência

O abusador alterna entre violência emocional e momentos de afeto intenso. Essa oscilação cria um vínculo traumático, onde a vítima se agarra às “pequenas migalhas de amor” como forma de esperança.

A ferida narcísica

Muitas vítimas carregam feridas antigas, geralmente ligadas à autoestima. O abusador explora exatamente essas brechas, reforçando a ideia de que sem ele a pessoa não terá valor, amor ou reconhecimento.

A identificação com o agressor

Processo psicanalítico clássico: a vítima internaliza a visão do abusador sobre ela — “você é difícil”, “ninguém vai te querer”, “a culpa é sua”. Isso distorce a percepção de realidade.

O caminho de saída

A ruptura começa quando a pessoa reconstrói sua narrativa interna, percebe os padrões e resgata a própria autonomia emocional.
A ajuda profissional é essencial: sair sozinha é possível, mas profundamente mais difícil.